domingo, 18 de novembro de 2012

Falcão com paralisia facial periférica brilha na seleção brasileira de Futsal


Hoje, acompanho a final da Copa do Mundo de Futsal, ansiosamente, e uma das notícias paralelas e recorrentes nos últimos dias foi a superação de Falcão, após lesão na panturrilha que trouxe dúvida a respeito de sua participação no campeonato e, há menos de uma semana, o quadro de paralisia facial periférica.
Muitas fontes esportivas estão noticiando que a paralisia facial foi causada por “estresse”, mas é importante esclarecer que esta não uma relação de causa e efeito.
O estresse, sim, pode nos deixar vulneráveis para quaisquer adversidades biopsíquicas, mas isso, diretamente não é fator causal da paralisia facial periférica.
Os fatores, como: infecciosos, bacterianos, virais e/ou psíquicos (neste caso, o estresse) podem se sobrepor e se tornar um fator de risco e coocorrentes para paralisia facial periférica.
Por esta razão, a importância de nos conhecermos física e psiquicamente, para que possamos nos recuperar da maneira eficaz.
Esclareço este ponto, pois com a divulgação da mídia, muitas informações podem ser interpretadas de maneira errônea e as pessoas, como venho observando ao longo de minha experiência, acreditam que somente o fato de ficarem estressadas pode causar paralisia facial, e isso pode levar a um sentimento de culpa que não contribui de maneira alguma, em qualquer aspecto relacionado a este quadro. Porém, relatar estes sentimentos angustiantes e pensar em maneiras de soluciona-lo ou saber lidar com situações estressantes, pode sim, contribuir muito para recuperação biopsíquica.

Algo que merece ênfase é a superação de Falcão e a vontade de continuar jogando, principalmente após um jogo difícil com a Argentina na última quarta-feira.
Agora, é admirar a entrada de Falcão no jogo da Espanha e torcer. 
Independente do resultado, Falcão já é um grande Campeão!

Links pesquisados:
- Falcão com paralisia facial decide !!! Argentina 2 X 3 Brasil. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=trnkFAhhqAg
- Paralisia facial impede sorriso, mas Falcão comemora vaga da seleção para a semi. Disponível em: http://espn.estadao.com.br/noticia/292959_heroi-falcao-supera-paralisia-facial-e-olho-sem-piscar-historia-para-ser-eternizada
- Futsal: Falcão apura Brasil mesmo com paralisia facial. Disponível em: http://www.maisfutebol.iol.pt/brasil/falcao-brasil-argentina-futsal-mundial-maisfutebol/1392908-1485.html
- Falcão Paralisia Facial - Brasil 3 X 2 Argentina FIFA World Cup Of Futsal 14.11.2012. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=N6djsIzze3Y&feature=related

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Espelho


Na paralisia facial periférica percebo que é muito comum um grande sofrimento no momento de se olhar no espelho.
O primeiro momento é o choque, principalmente pelo fato de encarar uma face completamente alterada.
Depois é muito comum não entender e acreditar no que está acontecendo.
E por qual razão este impacto é tão grande?
Se pensarmos que a função do espelho é refletir o que incide sobre ele e que a imagem vista após a paralisia facial periférica é outra, ou seja, pouco reconhecível pelo próprio sujeito, o impacto então é proporcional a esta alteração.
Olhando um espelho comum, vemos a nossa imagem com mesma forma e tamanho. Pense: a imagem da qual estávamos acostumados há tanto tempo se modificou... e agora o que fazer?
Claro, com o tempo há a regeneração e em grande parte dos casos (ainda bem) há uma recuperação total! Mas mesmo assim, isso vira uma marca na história de cada sujeito que sofre com a paralisia facial e até olhar-se no espelho e esquecer o ocorrido demora um certo tempo. Em muitos casos isso não passa.
Mas vou compartilhar algo que me ajudou muito: um livro chamado "Espelho" e este será o transcorrer desta conversa.
Este livro chegou ao meu encontro próximo a uma data muito importante: o dia anterior ao meu exame de qualificação no Mestrado.
MInha intenção na livraria era presentear minha banca e minha orientadora com algo que refletisse aquele momento, mas demorou para achar algo especial, tanto que pensei em desistir, mas sempre que vou a livraria passo pela seção de livros infantis e lá achei o livro! Bem na minha cara!
O título, primeiro, chamou grande atenção. Fiquei curiosa...
A menina da capa, apresentada de maneira retraída e misteriosa me convocou imediatamente a folheá-lo.

Outro fato, foi descobrir que o livro dizia por si por meio de ilustrações. Isso é encantador!
Quando comecei a folheá-lo tive uma sensação difícil de ser transmitida por meio da linguagem, mas meu corpo respondeu a essa emoção, como poucas vezes ocorreram em minha vida.
Engraçado que ainda revivo esta sensação de maneiras e em momentos diferentes.
Ao longo deste ano, principalmente, diria que as páginas passaram um tanto rápidas e chegaram um tanto de vezes ao seu fim, mas se iniciaram novamente.
Percebo hoje que posso voltar a uma página ou passar por todo o seu ciclo quantas vezes eu me permitir.
Desde que conheci esse livro, compartilho com muita gente e gosto de observar como as pessoas folheiam e como elas retornam ao início quando chegam em determinada página, aí folheiam com outra expressão, com mais cuidado e carinho, tentando captar todas as informações e entendê-las. 
Percebo, que este modo de ver o "Espelho" diz muito sobre si mesmo.
Quando chegam ao fim, há uma certa confusão e surpresa.
Sua página final é silenciadora. Posso dizer que, particularmente, me paralisou, mas é impressionante, pois depois me transformou... e continua transformando.
Esse livro, de forma simbólica, passa um pouco do que refletimos para o outro e muito do que vemos em nós mesmos.

FONTE: LEE, Suzy. Espelho. Cosac Naify, SP. 2010.
Apresento algumas imagens ilustradas no livro de forma aleatória.

domingo, 30 de outubro de 2011

Os 101 retratos

...
Ontem estava mexendo na minha máquina fotográfica (revendo suas funções), então comecei a tirar autorretratos. 
Naquele momento, me surpreendi: enxerguei que minhas expressões não estavam tão ruins quanto eu pintava. Resolvi então que aquele seria o momento de me rever e senti que gostaria dos resultados.
Experimentei.

Fiz algo que desejava fazer há muito tempo: deixei cair minha máscara protetora e controladora e fiz meu rosto falar junto comigo.

Mas antes gostaria de deixar meus leitores situados:
Quando estava com 17 anos tive paralisia facial periférica. Ela me anestesiou e me conduziu por dois caminhos: da tristeza e do conhecimento.

A tristeza veio primeiro e ela me pegou de jeito. Usei a paralisia facial periférica (PFP) como desculpa para o meu isolamento. 
A PFP se transformou em uma máscara que eu usei por um bom tempo. Mas claro, chega uma hora que você não suporta e sem largar por completo a tristeza, busquei outro movimento: o conhecimento.

O conhecimento me levou por um caminho muito interessante e surpreendente. Aprendi muito sobre PFP e sobre a importância da expressão facial para o ser humano.
Fiz uma busca obsessiva e radical e tive medo que essa fosse minha outra máscara protetora e controladora, mas consegui chegar ao meu equilíbrio e decidi que não iria largar a busca por conhecimento, pois com ele posso aprender e difundir.

Mas como disse, não havia deixado a tristeza, e ela, como o conhecimento, eu também não largaria, pois foi ela quem me levou a esse sentimento estranho, que me paralisou. Porém, como Rilke diz sabiamente: ficamos "sozinhos com o estranho que entrou em nossa casa" e "tudo o que era confiável e habitual nos foi retirado por um instante, porque estamos no meio de uma transição, em um ponto no qual não podemos permanecer".


O ponto que decidi ontem que não permaneceria era da insastifação com minha própria expressão facial. Para isso precisei cumprir duas etapas ao longo dos últimos 2 anos: cuidar-me física e psiquicamente novamente.

Quando me senti segura novamente resolvi tirar as fotos.
Tirei 2 e olhei: "nossa, não está ruim! Vou tirar mais"
Comecei a experimentar as expressões e cheguei a 92 retratos. Pensei: por que não chego aos 100?
Esse texto chamaria os 100 retratos, mas não gostei da sonoridade e tirei mais uma fotografia.

Os meus 101 retratos sairam e mostraram aquilo que eu não enxergava até hoje: posso mostrar o que sou, expressar o que sinto, sem medo, receio ou controle.
Posso gostar do meu rosto, pois mesmo sem a simetria de antes meu rosto conversa.



Sorriso aberto (antes meu olho direito fechava)

Cara de assustada

Cara de brava (foi a q voltou mais rápido rsrs)

Cara de cheiro ruim

Olhos fechados suavemente

Olhos fechados com força (a boca e o queixo ficam contraídos, mas bem melhor do que era)

Mostrar os dentes inferiores

Sorriso fechado

Sorriso aberto

Bico

Bico com cara de triste


Cara de desconfiada


Quer ver as outras fotos? Estão no Facebook


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

RESENHA: O toque no tratamento das paralisias faciais periféricas


Saiu agora a Resenha: O toque no tratamento das paralisias faciais periféricas

Autoras: Mabile Francine F. Silva, Maria Claudia Cunha e Fernanda Prada Machado


Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 22(3): 265-266, dezembro, 2010


A Resenha foi elaborada a partir do artigo:
Gatignol P, Lannadere E, Lamas G. Le toucher dans La rééducation dês paralysies
faciales périphériques. Rééducation Orthophonique - Le toucher thérapeutique en
orthophonie. 2008 décembre;236: 99-113.

Para acessá-la na íntegra:


www.pucsp.br

domingo, 18 de setembro de 2011

Paralisia Facial Periférica




       As lesões que acometem a função motora facial podem ocorrer desde níveis mais superiores, no córtex cerebral, até as porções terminais, em contato com a musculatura da mímica. Além da clássica divisão das paralisias faciais em periféricas ou centrais, ainda podem classificá-las segundo a posição da lesão em relação ao núcleo facial, separando-as em supranucleares, nucleares e infranucleares (Blaustein & Gurwood, 1997).
A PFP é uma síndrome que representa a manifestação de muitas enfermidades, com mais de 1000 causas conhecidas (MAY, 1986). Elas podem ser divididas em congênitas, traumáticas, neurológicas, infecciosas, metabólicas, neoplásicas, tóxicas, iatrogênicas e idiopáticas. Podem também ser classificadas conforme a altura da lesão no nervo, em três grupos: central ou intracraniana, intratemporal e extratemporal (Blaustein & Gurwood, 1997).
          O prognóstico da paralisia de Bell geralmente é bom, visto que 80 a 90% dos pacientes se curam em um mês. Os outros 15% podem evoluir para completa degeneração e, geralmente, não mostram sinais de recuperação entre 03 e 06 meses. Um longo período de tempo de recuperação, gera sequelas em 95% desses casos (Portinho, 2002).
Com relação à etiologia, diversos estudos demonstram que a Paralisia de Bell ou idiopática é o diagnóstico mais frequente, atingindo mais da metade dos casos (Lazarini e Almeida, 2006; PORTINHO, 2002).
Na pesquisa de Hyden e cols. (1993), a paralisia de Bell foi o diagnóstico de 67% dos pacientes investigados, baseado na ausência de prova sorológica para infecções, traumatismos, tumores e/ou herpes zoster. A propósito, Lunan e Nagarajan (2008) afirmam que a Paralisia de Bell é um diagnóstico por exclusão.
Porém, estudos recentes evidenciaram a positividade para o DNA viral de herpes simplex 1 e 2 em 29% dos casos de PFP. Explicitando: quando esse vírus fica latente no gânglio geniculado, possibilita a identificação do DNA viral na saliva dos pacientes. Esse resultado foi estatisticamente significante se comparado ao grupo que não apresentava o quadro de PFP, pois não houve nenhum caso de positividade do DNA viral no último grupo (LAZARINI e cols. 2006).
Quanto ao sexo, um estudo sobre a incidência de Paralisia de Bell revelou o predomínio de casos no sexo feminino (66,7%). Quanto à faixa etária, as mais acometidas foram, respectivamente, terceira, quarta e sexta décadas de vida. E o acometimento do lado esquerdo foi ligeiramente superior (55,6%) (Valença e cols., 2001). 
Destaca-se que a terapia miofuncional em pacientes com PFP ainda é negligenciada por diversos sistemas de saúde, havendo assim, necessidade da divulgação dos benefícios funcionais deste tratamento na qualidade de vida dos sujeitos afetados (Diels, 2000).

Bibliografia:

ADAMS, R. D. Neurologia. Rio de Janeiro: McGraw-Hill; 1998.
ALTMANN, E. B. de C.; VAZ, A. C. N. – Paralisia facial: implicações da etiologia e das diferentes cirurgias, cap. 21, pp. 187 a 198. In Motricidade orofacial: como atuam os especialistas. Comitê de Motricidade Orofacial – SBFa. Pulso: São José dos Campos; 2004.
BENTO, R. F. Doenças do Nervo Facial. In: BENTO, R. F.; MINITI, A.; MANORE, S. Tratado de Otologia. Cap. 11. Pag. 427-429 Edusp. São Paulo. 1998.
BERNARDES, D. F. F.; GOMEZ, M. V. S. G.; PIRANA, S.; BENTO, R. F. Functional profile in patients with facial paralysis treated in a myofunctional approach. Pró – Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 16, n. 2, p. 151 – 158, maio – ago. 2004.
BLAUSTEIN, B. H.; GURWOOD, A. – Differential diagnosis in facial nerve palsy: a clinical rewiew. J Am Optom Assoc. 68: 715-724, 1997.
BRODAL, A.: O nervo intermédio-facial. In: Anatomia neurológica com correlações clínicas. 3. ed. São Paulo: Roca, 1984.
BYRNE, P. J. Importance of facial expression in facial nerve rehabilitation. Current Opinion in Otolaryngology & Head and Neck Surgery, 12:332–335; 2004.
CHEVALIER, A.M. et al. Avaliação da função motora da face nas lesões periféricas e centrais. In: LACÔTE, M.; CHEVALIER, A.M.; MIRANDA, A.; BLETON, J.P.; STEVENIN, P. Avaliação clínica da função muscular. Manole, 13-24,1987.
COLLI, B. O.; COSTA, S. S. da; CRUZ, O. L. M.; ROLLIN, G. A. F. S. e ZIMMERMANN, H. Fisiopatologia do nervo facial (capítulo 17). In: COSTA, S. S. da; CRUZ, O. L. M.; OLIVEIRA, J. An. A. (orgs.) Otorrinolaringologia: Princípios e prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
DIELS, H.J. Facial Paralysis: is there a role for a therapist? Facial Plastic Surg. 2000; 16: 316-4
DIELS, H. J; COMBS, D. Neuromuscular retraining for facial paralysis. Otolaryngol Clin North Am. 1997; 30(5): 727-43. [Review]
FERNANDES, A. M. F. e LAZARINI, P. R. Anatomia do Nervo Facial. In: LAZARINI, P. R. e FOUQUET, M. L. Paralisia Facial: Avaliação, Tratamento e Reabilitação. São Paulo; Lovise, 2006.
FOUQUET, M. L. Atuação fonoaudiológica nas paralisias faciais. In: Fonoaudiologia em Cancerologia. Barros, Ana Paula Brandão; Arakawa, Lica; Tonini, Monique Donata e Carvalho, Viviane Alves de. – Fundação Oncocentro de São Paulo – Comitê de Fonoaudiologia em Cancerologia, 2000.
FOUQUET, M. L.; SERRANO, D. M. S., ABBUD, I. E. Reabilitação fonoaudiológica na paralisia facial periféirca: fases flácida e de recuperação do movimento. In: LAZARINI, P. R. & FOUQUET, M. L. (orgs). Paralisia facial: avaliação, tratamento e reabilitação, São Paulo; Lovise, 2006.
FREITAS, K. C. S. e GÓMEZ, M. V. G. Grau de percepção e incômodo quanto à condição facial em indivíduos com paralisia facial periférica na fase de sequelas. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v 13, n 2, p 113 – 118, 2008.
HOUSE, J. W.; BRACKMAN, D. E. Facial nerve grading system. Otoryngo Head Neck Surg. 93 (2), 146-147. 1985.
HYDEN, D; ROBERG, M; FORSBERG, P; FRIDELL, E; FRYDEN, A; LINDE, A; ODKVIST, L. Acute “Idiopathic” Peripheral Facial Palsy: Clinical, Serological, and Cerebrospinal Fluid Findings and Effects of Corticosteroids. American Journal of Otolaryngology, V. 14, nº 3 (May-June), 1993: pp 179-166.
LAZARINI, P. R.; ALMEIDA, R. de. Etiologia da Paralisia Facial Periférica. In: LAZARINI, P. R. & FOUQUET, M. L. (orgs). Paralisia facial: avaliação, tratamento e reabilitação, São Paulo; Lovise, 2006.
LAZARINI, P. R.; COSTA, H. J. Z. R.; CAMARGO, A. C. K. Anatomofisiologia e Fisiopatologia do Nervo Facial. In: LAZARINI, P. R. & FOUQUET, M. L. (orgs). Paralisia facial: avaliação, tratamento e reabilitação, São Paulo; Lovise, 2006.
LAZARINI, P. R. , VIANNA, M. F.; Alcantara, M. P. A.; SCALIA, R. A.; CAIAFFA FILHO, H. H. Pesquisa do vírus herpes simples na saliva de pacientes com paralisia facial periférica de Bell. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 2006; 72(1): 7-11.
MAY, M. Microanatomy and pathophysiology of the facial nerve. In: May, M. (Rd.) The facial nerve, New York: Thieme-Stralton, 1986.
PORTINHO, F. Paralisia de Bell. In: CAMPOS, A. H. ; COSTA, H. O. O. Tratado de Otorrinolaringologia. São Paulo: ROCA, 2002.














Músculos Faciais




Uma das funções mais importantes dos músculos da face relaciona-se com a expressão e mímica facial evidenciando ao outro emoções e sentimentos, que dependem de uma movimentação harmônica e resulta na simetria estética (Madeira, 1995).
Com relação as funções fisiológicas a musculatura facial promove coberturas da cavidade oral, protegem os globos oculares e abrem e fecham a cavidade oral e as pálpebras (Diels e Combs, 1997).
Conhecer a origem, inserção e principalmente a função dos músculos faciais é extremamente importante na clínica fonoaudiológica.
       Segundo Zemlin (2000), os músculos da face situam-se logo abaixo da pele e constituem, no todo uma camada quase única. Os feixes de fibras de um músculo são muitas vezes unidos aos de outro e nos locais de inserção é comum estarem entrelaçados. Quando são bem desenvolvidos, o entrelaçamento é maior.
Ainda segundo o autor, compõe o grupo de músculos mais delicados e fracos do corpo. Nem mesmo fáscia possuem. Por se inserirem na pele ou cútis (e também na mucosa), são chamados de cuticulares (ZEMLIM, 2000). A contração deles movimenta a área da pele à qual estão fixados, produzindo depressões em forma de linha (de fossa também) perpendiculares à direção das fibras dos músculos, que com o tempo se transformam em pregas ou rugas conhecidas como linhas de Langer (Rubin, 1974).
“A força relativa, o comprimento e a direção das fibras musculares desde a sua origem até sua inserção variam de indivíduo para indivíduo. Músculos envolvidos pela fascia superficial, que age como transmissora e mescla a contração de variados músculos permitindo ampla gama de variações sutis nas expressões humanas” (Rubin, 1977, p. 3).

Referências Bibliográficas:
DIELS, H. J; COMBS, D. Neuromuscular retraining for facial paralysis. Otolaryngol Clin North Am. 1997; 30(5): 727-43. [Review]
MADEIRA, M. C. Anatomia da Face. São Paulo: Sarvier, 1995.
RUBIN, R. L. Reanimation of the paralyzed face – new approaches. St. Louis: The C. V. Company; 1977. p. 2-20: Anatomy of facial expression
__________. The Anatomy of smile: its importance in the treatment of facial paralysis. Plast Reconstr Surg. 1974; 53:384-7
ZEMLIN, W. R. Princípios de Anatomia e Fisiologia em Fonoaudiologia. 4ª ed.; Porto Alegre: Artmed, 2000.







Anatomia do Nervo Facial



Conhecer o trajeto anatômico do nervo facial é muito importante para a localização de suas lesões e para a compreensão das consequências que elas podem causar.
O nervo facial, também denominado com nervo intermédio-facial, é frequentemente o mais afetado do corpo humano (Fernandes e Lazarini, 2006), porque esse nervo percorre um longo trajeto circular, atravessando a região do ângulo pontocerebelar e dirigindo-se ao meato acústico interno, onde penetra em um estreito canal ósseo, conhecido como canal de Falópio (BENTO, 1998).
Segundo Brodal (1984), o nervo facial contém aproximadamente 10.000 fibras. Destas, 7.000 fibras mielinizadas inervam os músculos da expressão facial, do músculo estapédio, dos músculos retroauriculares, o ventre posterior do digástrico e o platisma. As outras 3.000 fibras constituem o nervo intermediário, secretomotoras e sensitivas.
O nervo facial percorre um trajeto complexo, dividido em vários segmentos, desde sua origem no córtex até sua chegada a musculatura facial. Esses segmentos são supranuclear, nuclear e infranuclear (Colli, e cols., 1994) (Fernandes e Lazarini, 2006).
O segmento supranuclear fica localizado na região lateral e inferior do córtex cerebral motor, posicionado no giro pré-frontal do lobo frontal. Nesta região os impulsos elétricos são responsáveis pela motricidade da musculatura facial (Machado, 1986).
A geração de informações no córtex motor transita pelo trato corticonuclear, juntamente com o trato corticoespinal, seguindo em direção ao tronco cerebral. Estas fibras passam pelo joelho da cápsula interna, seguem pelo pedúnculo cerebral médio e, ao chegar à porção média da ponte, as fibras do trato corticonuclear se separam do trato corticoespinal e atingem o núcleo facial. Uma parte do feixe de fibras corticonuclear cruza a linha média e se dirige ao núcleo facial contralateral, enquanto a outra parte termina no núcleo facial do mesmo lado (Fernandes e Lazarini, 2006).
As fibras responsáveis pelos músculos da porção superior da face (m. frontal, m. corrugador do supercílio, m. orbicular dos olhos) são derivados tanto do hemisfério cerebral ipsilateral como do contralateral. As fibras que inervam a porção inferior da face (m. orbicular da boca, m. bucinador e m. platisma) também recebem inervação de ambos os hemisférios, porém as fibras do hemisfério contralateral são fisiológica e numericamente mais representativas do que o hemisfério ipsilateral (Fernandes e Lazarini, 2006).
Estímulos relacionados com controle motor emocional, com a deglutição e com os reflexos ligados a estímulos táteis, sonoros e visuais possuem outras regiões cerebrais envolvidas, além do córtex motor (Zemlin, 1998).
As estruturas envolvidas, descritas por Fernandes e Lazarini (2006) são:
O núcleo sensitivo principal do trigêmio que envia fibras ao núcleo facial e responde ao reflexo trigêmio-palpebral (fechamento palpebral após estímulo doloroso na face ou globo ocular), trigêmio-facial (contração dos músculos orbiculares das pálpebras após a percussão da região entre as sobrancelhas) e córneo-palpebral (contração dos músculos orbiculares das pálpebras após estímulos provocados na córnea).
O núcleo espinal do trigêmio que levam informações da sensibilidade cutânea do meato acústico interno, do pavilhão auricular e da membrana timpânica.
O núcleo do trato solitário que recebe informações relacionadas aos estímulos gustativos vindos do nervo corda do tímpano, caminhando pelo nervo intermédio.
O corpo estriado e substância negra que recebem sinais do córtex motor por vias extrapiramidais e modificam estes estímulos para que possam ser executados de maneira harmônica e precisa.
O globo pálido que age no refinamento dos movimentos, o hipotálamo que é uma estrutura constituída por diversos núcleos e tem a capacidade de produzir modificações com relação ao estado emotivo e o tálamo responsável por receber estímulos sensoriais de diversas regiões do corpo, integrando-as e reenviando-as para outras estruturas cerebrais. “Estas estruturas parecem desempenhar papel importante no controle motor relacionado com a emotividade, programando e ativando músculos para que haja conformidade com os sentimentos” (Fernandes e Lazarini, 2006, p. 3).
O núcleo rubro e formação reticular mesencefálica que estão envolvidos com as vias de controle do sistema motor emocional, produzindo contrações espontâneas na musculatura facial relacionada com a emotividade.
O colículo superior que desencadeia reflexos com a contração dos músculos faciais, em especial o músculo orbicular dos olhos, durante a exposição a estímulos luminosos.
O complexo olivar superior emergido na localização do som, principalmente de baixa frequência, que desencadeia o reflexo de contração do músculo do estribo diante de estímulos sonoros intensos.
O núcleo lacrimal e núcleo salivatório superior que envolvem a intensa estimulação da glândula lacrimal ante estímulos táteis ou presença de corpos estranhos nos olhos.
Agora com relação ao segmento segmentar, este apresenta o núcleo facial como o mais desenvolvido entre os núcleos motores do tronco cerebral, sendo justificados no alto desempenho da flexibilidade da movimentação dos músculos mímicos, permitindo movimentos delicados e precisos (Fernandes e Lazarini, 2006).
O segmento infranuclear surge na porção ventrolateral do sulco bulbopontino, na saída das raízes nervosas do VII par. A partir de sua emergência do tronco cerebral é dividido anatomicamente em segmentos pontino, meatal, labiríntico, timpânico, mastóideo e extracraniano (Brodal, 1984).

Referências Bibliográficas:

BENTO, R. F. Doenças do Nervo Facial. In: BENTO, R. F.; MINITI, A.; MANORE, S. Tratado de Otologia. Cap. 11. Pag. 427-429 Edusp. São Paulo. 1998.
BRODAL, A.: O nervo intermédio-facial. In: Anatomia neurológica com correlações clínicas. 3. ed. São Paulo: Roca, 1984.
FERNANDES, A. M. F. e LAZARINI, P. R. Anatomia do Nervo Facial. In: LAZARINI, P. R. e FOUQUET, M. L. Paralisia Facial: Avaliação, Tratamento e Reabilitação. São Paulo; Lovise, 2006.
MACHADO, A. Neuroanatomia funcional. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 1986.
ZEMLIN, W. R. Princípios de Anatomia e Fisiologia em Fonoaudiologia. 4ª ed.; Porto Alegre: Artmed, 2000.