domingo, 30 de outubro de 2011

Os 101 retratos

...
Ontem estava mexendo na minha máquina fotográfica (revendo suas funções), então comecei a tirar autorretratos. 
Naquele momento, me surpreendi: enxerguei que minhas expressões não estavam tão ruins quanto eu pintava. Resolvi então que aquele seria o momento de me rever e senti que gostaria dos resultados.
Experimentei.

Fiz algo que desejava fazer há muito tempo: deixei cair minha máscara protetora e controladora e fiz meu rosto falar junto comigo.

Mas antes gostaria de deixar meus leitores situados:
Quando estava com 17 anos tive paralisia facial periférica. Ela me anestesiou e me conduziu por dois caminhos: da tristeza e do conhecimento.

A tristeza veio primeiro e ela me pegou de jeito. Usei a paralisia facial periférica (PFP) como desculpa para o meu isolamento. 
A PFP se transformou em uma máscara que eu usei por um bom tempo. Mas claro, chega uma hora que você não suporta e sem largar por completo a tristeza, busquei outro movimento: o conhecimento.

O conhecimento me levou por um caminho muito interessante e surpreendente. Aprendi muito sobre PFP e sobre a importância da expressão facial para o ser humano.
Fiz uma busca obsessiva e radical e tive medo que essa fosse minha outra máscara protetora e controladora, mas consegui chegar ao meu equilíbrio e decidi que não iria largar a busca por conhecimento, pois com ele posso aprender e difundir.

Mas como disse, não havia deixado a tristeza, e ela, como o conhecimento, eu também não largaria, pois foi ela quem me levou a esse sentimento estranho, que me paralisou. Porém, como Rilke diz sabiamente: ficamos "sozinhos com o estranho que entrou em nossa casa" e "tudo o que era confiável e habitual nos foi retirado por um instante, porque estamos no meio de uma transição, em um ponto no qual não podemos permanecer".


O ponto que decidi ontem que não permaneceria era da insastifação com minha própria expressão facial. Para isso precisei cumprir duas etapas ao longo dos últimos 2 anos: cuidar-me física e psiquicamente novamente.

Quando me senti segura novamente resolvi tirar as fotos.
Tirei 2 e olhei: "nossa, não está ruim! Vou tirar mais"
Comecei a experimentar as expressões e cheguei a 92 retratos. Pensei: por que não chego aos 100?
Esse texto chamaria os 100 retratos, mas não gostei da sonoridade e tirei mais uma fotografia.

Os meus 101 retratos sairam e mostraram aquilo que eu não enxergava até hoje: posso mostrar o que sou, expressar o que sinto, sem medo, receio ou controle.
Posso gostar do meu rosto, pois mesmo sem a simetria de antes meu rosto conversa.



Sorriso aberto (antes meu olho direito fechava)

Cara de assustada

Cara de brava (foi a q voltou mais rápido rsrs)

Cara de cheiro ruim

Olhos fechados suavemente

Olhos fechados com força (a boca e o queixo ficam contraídos, mas bem melhor do que era)

Mostrar os dentes inferiores

Sorriso fechado

Sorriso aberto

Bico

Bico com cara de triste


Cara de desconfiada


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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

RESENHA: O toque no tratamento das paralisias faciais periféricas


Saiu agora a Resenha: O toque no tratamento das paralisias faciais periféricas

Autoras: Mabile Francine F. Silva, Maria Claudia Cunha e Fernanda Prada Machado


Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 22(3): 265-266, dezembro, 2010


A Resenha foi elaborada a partir do artigo:
Gatignol P, Lannadere E, Lamas G. Le toucher dans La rééducation dês paralysies
faciales périphériques. Rééducation Orthophonique - Le toucher thérapeutique en
orthophonie. 2008 décembre;236: 99-113.

Para acessá-la na íntegra:


www.pucsp.br